quinta-feira, 3 de junho de 2010

O envelhecimento populacional e o papel da sociedade

Sabe-se que o envelhecimento populacional é um fenômeno mundial que vem adquirindo características peculiares no Brasil, dada a velocidade com que vem se instalando. É interessante que sempre tivemos o conceito de que éramos um país jovem e que o problema do envelhecimento era assunto dos países desenvolvidos considerados de primeiro mundo. Entretanto, os dados vêm nos mostrar que não é essa a realidade que se instalou e continua se instalando no país.


Segundo os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil, hoje, já pode ser considerado um país estruturalmente envelhecido. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirma que, em 2030 o Brasil terá a sexta população mundial de idosos em números absolutos. No Brasil, segundo o IBGE, havia cerca de sete milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos em 1980 e estima-se para o ano 2025 que essa população atingirá, aproximadamente, 34 milhões de idosos no Brasil.

Sabe-se que essa transição demográfica está sendo acompanhada por uma transição epidemiológica, com uma mudança no perfil de morbi-mortalidade da população, sendo as doenças infecto-contagiosas substituídas pelas doenças crônico-degenerativas. O grande problema dessas doenças é que além de crônicas geram incapacidades e dependência, fatores que são considerados como as maiores adversidades da saúde associadas ao envelhecimento.

Daí então a importância de se oferecer aos idosos, alternativas que atendam às diferentes condições biológicas, psicológicas e sociais dos mesmos, valorizando a promoção da saúde e a prevenção das incapacidades que essas doenças podem acarretar nas pessoas. É, portanto, necessário que os profissionais de saúde e familiares se mantenham atentos a quaisquer alterações nos idosos e intervenham, prontamente e de forma adequada visando uma melhor adaptação do indivíduo ao processo de envelhecimento, além disso, devem avaliar periodicamente os idosos, buscando detectar os fatores de risco decorrentes de alterações que comprometem o estado de saúde do mesmo.

“O principal objetivo das medidas preventivas na terceira idade não é reduzir as taxas de mortalidade, mas melhorar a saúde e a qualidade de vida dos idosos, de modo que eles tenham suas atividades menos afetadas por doenças crônicas e degenerativas”.

Os idosos têm a necessidade e o direito de sentir-se bem e importante no meio em que vivem. É fundamental que as pessoas não percam o interesse pelas alegrias da vida.

É necessário sensibilizar todos os seguimentos da sociedade, principalmente os familiares e profissionais de saúde que estão em contato direto com esta população, para a responsabilidade de favorecer a autonomia dos idosos, no limite máximo de suas possibilidades, independente do grau de dificuldades particulares que possam apresentar. É uma idéia errônea a de que as transformações anatômicas e fisiológicas que ocorrem com as pessoas da terceira idade são doença.

A velhice nunca deve ser confundida com doença, a saúde e o bem-estar do idoso estão relacionados intimamente a autonomia e independência que o mesmo possui, devemos, pois ressaltar que estas transformações necessitam de um cuidado que envolva os aspectos bio-psico-sociais e não apenas o físico do idoso para se evitar que as doenças se instalem.

Nesta perspectiva, e frente à problemática emergencial, principalmente quando nos deparamos com uma sociedade que tem demonstrado o não preparo para lidar com o idoso e, ainda extrema indiferença no convívio com esse, devemos desenvolver o nosso papel de impulsionadores da mudança comportamental e atitudinal da sociedade em geral com o idoso.

Marília Magalhães - Sócia idealizadora

A Sensibilização para o Ato de "Cuidar"

O ESPAÇO CARE, fundamenta-se na vivência de seus idealizadores, decorrido do convívio com familiares queridos, que adoeceram e passaram a depender física, psicológica e emocionalmente, e que após certo tempo de convívio intenso e dedicado, se despediram, dirigindo-se à pátria espiritual, mas que os oportunizaram lições e aprendizagens que desejam determinadamente compartilharem e colocar em prática.

Quando adquirimos a sensibilidade de nos tornarmos capazes de vivenciarmos essas experiências e delas tirarmos reflexões, na busca da superação das dificuldades inerentes as situações vivenciadas, muitas vezes somos encorajados e estimulados a desenvolver projetos e ações de acolhimento, que visam oferecer recursos de atendimento àqueles que venham a passar por experiências semelhantes, mas que possam agora - em decorrência destas ações de acolhimento, vivenciá-las de modo menos penoso e com isso, minimizar sofrimentos e dissabores.

Esta percepção permite tornar estas vivências cada vez mais plenas e saudáveis, para si e seus idosos em necessidades especiais, tornando-se familiares-cuidadores, constituindo-se para estes oportunidades de aprendizagem e, sobretudo, do exercício pleno do amor aos seus queridos familiares que passam por privações físico-psico-espiritual e podê-los com isso auxiliá-los na passagem destas experiências com altivez e alegria.

Para isso as ações do ESPAÇO CARE visam estimular outros profissionais, cuidadores e familiares, no intuito de buscarem uma maior compreensão e capacitação sobre o processo de envelhecimento e de suas peculiaridades de forma a direcionarem esforços na construção de um futuro digno e humano aos idosos em atendimento.

Eber Waner - Sócio idealizador

Os benefícios do cuidado ao Idoso em seu domicílio

Nos últimos anos, em conseqüência de diversos fatores, como a melhoria das condições sanitárias e de acesso a bens e serviços, as pessoas têm vivido mais tempo. Os avanços na área da saúde têm possibilitado que cada vez mais pessoas consigam viver por um período mais prolongado, mesmo possuindo algum tipo de incapacidade.

Diante da situação atual de envelhecimento demográfico, aumento da expectativa de vida e o crescimento da violência, algumas demandas são colocadas para a família, sociedade e poder público, no sentido de proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas que possuem alguma incapacidade. Desta forma, a presença do cuidador nos lares tem sido mais freqüente, havendo a necessidade de orientá-los para o cuidado. Cabe ressaltar que o cuidado no domicílio proporciona o convívio familiar, diminui o tempo de internação hospitalar e, dessa forma, reduz as complicações decorrentes de longas internações hospitalares.

Texto retirado do “ Guia Prático do Cuidador”